4 de jun. de 2013

Professora ensina jovens a empreender e aumentar a renda familiar


Nicolas Vieira

Tudo começou em 2001 quando a professora de ensino fundamental Elisabete Pereira da Cunha Souza teve uma ideia que mudou totalmente a concepção de alunos e pais no aspecto econômico familiar. 
Ela leciona nas escolas municipais Prof. Joaquim Rebouças de Carvalho Netto e Maria Leonor Costa, de Cruzeiro, São Paulo, e queria que as crianças dessem mais valor ao conhecimento familiar e ao mesmo tempo ajudar algumas mães a melhorarem a renda, fomentando o que cada um sabia fazer de melhor. Foi então que após várias reuniões com os pais dos alunos, ela conseguiu montar o projeto de uma feira intitulada “QUEM ME CRIOU FAZ – EMPREENDEDORISMO NA ESCOLA”, onde cada família pudesse expor artesanatos, comidas típicas, salgados, doces e uma variedade de produtos comercializados utilizando o próprio espaço escolar.
Após 11 anos da feira de empreendedorismo na escola, a professora Elisabete achou que era a hora de aumentar ainda mais os seus conhecimentos na área e decidiu fazer uma parceria com o SEBRAE por meio do Programa “Jovens Empreendedores” e isso deu um upgrade no modo como ela conduzia os trabalhos de aprendizagem com os pais e alunos. Segundo Elisabete Sousa, “Os comportamentos empreendedores ficaram mais claros, sistematizados, mais didáticos”, esclarece.
Foi pensando na preparação do aluno para enfrentar o futuro mercado de trabalho que fez com que Elisabete ultrapassasse os limites da alfabetização e da formação básica, já que o projeto da feira trabalha questões multidisciplinares como pesquisa de matéria-prima (História), cálculo do investimento, gastos, lucro e preço (Matemática), produção de informativos, cartazes e publicidade (Língua Portuguesa).
Após meses de estudos e capacitação de pais e alunos sobre o tema empreendedorismo, chegou o dia tão esperado de montar a feira. Em parceria com a Rede Municipal de Ensino, a escola se transformou em um verdadeiro Shopping e recebeu visitantes de outras escolas e da comunidade local, que compraram os produtos oferecidos nas barracas.
A participação dos pais no desenvolvimento da feira e no dia das vendas é primordial. É o caso do Paulo Roberto da Silva, de 40 anos idade, que acompanhou o filho João Pedro Gomes da Silva nas questões de cálculo, incentivando e orientando o garoto em como se comportar no atendimento ao público no ato da venda, conhecimentos adquiridos em anos de experiência na área. “O projeto é válido em todos os aspectos, pois trabalha a sociabilidade dos alunos envolvidos, a cordialidade, o respeito mútuo e o trabalho em equipe, já que busca um objetivo em comum. Dá uma enorme noção mesmo em pequena escala, de como planejar as ações de produção, vendas e estratégia de propaganda. A criançada passa a ter noção de consumo e a importância de dar valor ao dinheiro, gastando com responsabilidade”, acrescenta.
João Pedro Gomes da Silva, de 11 anos de idade, está no 5º ano do Ensino Fundamental e já pensa em montar seu próprio negócio futuramente. Alguns ensinamentos o fizeram melhorar a maneira de atender as pessoas no ato da venda e ser mais cauteloso na hora de gastar o seu dinheiro. “Passei a pesquisar mais e ser menos impulsivo. Futuramente quero montar uma loja de ração”, completa.
A dona de casa Aureliana Souza, 62 anos, conheceu a feira por meio de seu neto e hoje é uma das principais incentivadoras do projeto, expondo seus bolos e confeitos, além de gerar renda extra para toda a família. "No começo eu não acreditava muito. Depois percebi que o negócio melhorou quando as pessoas começaram a comprar meus bolos. Nunca mais parei e vendo o ano inteiro", diz.
Durante os anos em que atuou como professora, Elisabete tem colhido os frutos do empreendedorismo que plantou há anos atrás. “O maior lucro da feira foi a amizade acompanhada de uma crença de que o bem que ensinamos às nossas crianças será levado por elas pela vida inteira!”, finalizou.

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