Tudo começou em 2001 quando a professora de ensino
fundamental Elisabete Pereira da Cunha Souza teve uma ideia que mudou
totalmente a concepção de alunos e pais no aspecto econômico familiar.
Ela
leciona nas escolas municipais Prof. Joaquim Rebouças de Carvalho Netto e Maria Leonor Costa, de
Cruzeiro, São Paulo, e queria que as crianças dessem mais valor ao conhecimento
familiar e ao mesmo tempo ajudar algumas mães a melhorarem a renda, fomentando
o que cada um sabia fazer de melhor. Foi então que após várias reuniões com os
pais dos alunos, ela conseguiu montar o projeto de uma feira intitulada “QUEM
ME CRIOU FAZ – EMPREENDEDORISMO NA ESCOLA”, onde cada família pudesse expor
artesanatos, comidas típicas, salgados, doces e uma variedade de produtos
comercializados utilizando o próprio espaço escolar.
Após 11 anos da feira de empreendedorismo na
escola, a professora Elisabete achou que era a hora de aumentar ainda mais os
seus conhecimentos na área e decidiu fazer uma parceria com o SEBRAE por meio
do Programa “Jovens Empreendedores” e isso deu um upgrade no modo como ela conduzia os trabalhos de aprendizagem com
os pais e alunos. Segundo Elisabete Sousa, “Os comportamentos empreendedores
ficaram mais claros, sistematizados, mais didáticos”, esclarece.
Foi pensando na preparação do aluno para enfrentar
o futuro mercado de trabalho que fez com que Elisabete ultrapassasse os limites
da alfabetização e da formação básica, já que o projeto da feira trabalha
questões multidisciplinares como pesquisa de matéria-prima (História), cálculo
do investimento, gastos, lucro e preço (Matemática), produção de informativos,
cartazes e publicidade (Língua Portuguesa).
Após meses de estudos e capacitação de pais e
alunos sobre o tema empreendedorismo, chegou o dia tão esperado de montar a
feira. Em parceria com a Rede Municipal de Ensino, a escola se transformou em um
verdadeiro Shopping e recebeu visitantes de outras escolas e da comunidade local, que compraram os produtos
oferecidos nas barracas.
A participação dos pais no desenvolvimento da feira
e no dia das vendas é primordial. É o caso do Paulo Roberto da Silva, de 40
anos idade, que acompanhou o filho João Pedro Gomes da Silva nas questões de
cálculo, incentivando e orientando o garoto em como se comportar no atendimento
ao público no ato da venda, conhecimentos adquiridos em anos de experiência na
área. “O projeto é válido em todos os aspectos, pois trabalha a sociabilidade
dos alunos envolvidos, a cordialidade, o respeito mútuo e o trabalho em equipe,
já que busca um objetivo em comum. Dá uma enorme noção mesmo em pequena escala,
de como planejar as ações de produção, vendas e estratégia de propaganda. A
criançada passa a ter noção de consumo e a importância de dar valor ao
dinheiro, gastando com responsabilidade”, acrescenta.
João Pedro Gomes da Silva, de 11 anos de idade,
está no 5º ano do Ensino Fundamental e já pensa em montar seu próprio negócio
futuramente. Alguns ensinamentos o fizeram melhorar a maneira de atender as
pessoas no ato da venda e ser mais cauteloso na hora de gastar o seu dinheiro.
“Passei a pesquisar mais e ser menos impulsivo. Futuramente quero montar uma
loja de ração”, completa.
A dona de casa Aureliana Souza, 62 anos, conheceu a
feira por meio de seu neto e hoje é uma das principais incentivadoras do
projeto, expondo seus bolos e confeitos, além de gerar renda extra para toda a
família. "No começo eu não acreditava muito. Depois percebi que o negócio
melhorou quando as pessoas começaram a comprar meus bolos. Nunca mais parei e
vendo o ano inteiro", diz.
Durante os anos em que atuou como professora, Elisabete
tem colhido os frutos do empreendedorismo que plantou há anos atrás. “O maior
lucro da feira foi a amizade acompanhada de uma crença de que o bem que
ensinamos às nossas crianças será levado por elas pela vida inteira!”, finalizou.CLIQUE ABAIXO PARA VISUALIZAR AS FOTOS DA 13ª FEIRA DO EMPREENDEDORISMO DE CRUZEIRO