O Vale do Paraíba atrai muitos migrantes desde o século passado, principalmente nordestinos. No entanto, nos últimos anos, a migração para o Sudeste tem diminuído e o retorno para o Nordeste está aumentando, devido ao desenvolvimento da região.
por Ana Maria Reis
Mudar é característica
unânime no ser humano. Nós mudamos de rotina, de emprego, de endereço, de vida.
Mudar é algo tão presente em nossas vidas que o difícil é ficar estático em um
mundo que se transforma constantemente. No Brasil, essa necessidade de mudança
fica clara pela quantidade de migrante.
Dr. Marden Barbosa de
Campos, demógrafo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística),
define migração como uma mudança de residência (permanente ou definitiva) entre
duas localidades. "O deslocamento deve envolver uma distância mínima
(dimensão espacial) e um tempo mínimo de residência no destino (dimensão
temporal) para que seja considerado migração", afirma.
Há pessoas que saíram da região nordeste do Brasil e foram para a região
sudeste e, por algum motivo, estão no Vale do Paraíba, região estratégica entre
as principais capitais do país: São Paulo e Rio de Janeiro. Às vezes, todos os
bens, inclusive a família, são deixados para trás, mas cada migrante carrega
consigo a missão de acrescentar algo àqueles que os acolheram e a
responsabilidade de conseguir superar as expectativas.
Os motivos que os impulsionaram a essa mudança são os mais diversos,
como a busca por melhores condições de vida, esposas que acompanharam seus
maridos, filhos que vieram por vontade dos pais, entre outros. Embora no IBGE
não haja mensuração sobre uma região ser ou não atrativa para o indivíduo, na
maioria das vezes, o motivo do deslocamento está relacionado a oportunidades
econômicas, como mudança de emprego ou possibilidade de salários maiores. Na
maioria das vezes, o motivo está relacionado a oportunidades econômicas.
De acordo com os Censos Demográficos de 1980 e 2000, mais de 8,6 milhões
de nordestinos saíram de sua região de origem nesse período – a perda mais
acentuada entre todas as localidades. Por outro lado, a região Sudeste possuía
o maior saldo positivo de migrantes, com 5,6 milhões.
O último Censo do IBGE, ano 2010, mostra que o fluxo migratório gerou um
saldo de 17,8 milhões de indivíduos vivendo em uma região diferente de onde
nasceram - desses, 53,6% são nordestinos (9,5 milhões). E 66% desses
nordestinos vivem no Sudeste. O documento mostra ainda que o Estado de São
Paulo abriga os maiores contingentes de não naturais residentes, ou seja, 8
milhões de indivíduos que vivem no Estado vêm de outras regiões do país.
Esse fluxo gerou transformações essenciais para o desenvolvimento do
Brasil, mas hoje a realidade não é a mesma. A tendência é que os nordestinos
voltem para a terra natal e os índices de migração sentido Nordeste-Sudeste
sejam reduzidos, devido à saturação econômica da região e a valorização da
qualidade de vida.
