Por Carolina Alves
Durante cinco meses, quatro continentes e doze países de mochila nas costas, casal dividiu sonho por meio do site e das redes sociais do projeto "Prazer, Mundo!" (Foto: Arquivo Pessoal) |
O objetivo compartilhado já por alguns anos bateu à porta de uma forma pouco amigável. A dois meses do casamento, a notícia de uma demissão veio de surpresa. Entretanto, o casal encarou a situação como um impulso e partiu em direção ao desconhecido da jornada.
O sonho do mochilão próprio mudou-se para o apartamento do casal, no Rio de Janeiro, em 2012. “Morando na Lapa, um dos bairros mais turísticos da cidade, começamos a reparar nas pessoas com grandes mochilas nas costas e espírito aventureiro. Depois de pesquisar na internet, descobrimos que poderíamos ajuda-los oferecendo hospedagem gratuita no nosso apartamento, por meio de sites especializados. Desde então recebemos em casa viajantes de várias nacionalidades e alimentamos a vontade de viajar com a mochila nas costas”, conta a carioca.
Com a demissão do mineiro em abril do ano passado, Nathalia deixou o emprego e, dentre rescisões de contrato e outras economias, os companheiros juntaram o dinheiro que tinham e iniciaram os preparativos para a viagem. Na mochila, as experiências recebidas dos turistas que acolheram, além da ajuda desses amigos para economizar na estadia pelos países. No mês seguinte, recém-casados, colocaram o pé na estrada.
Mochilar é lidar com perrengues
Apesar da aura de aventuras e descobertas, viajar de mochilão tem suas dificuldades. O casal garante que mesmo em meio a planejamentos, os perrengues são companheiros de viagem dos mochileiros. Como bons viajantes, Nathy e Leo colecionaram alguns.
“Logo na viagem de ida, de São Paulo para Casablanca, no Marrocos, tivemos a primeira surpresa: não nos deixaram embarcar, porque não tínhamos passagem de volta para o Brasil. Corremos para uma lan house no aeroporto e compramos uma passagem qualquer (as mais baratas) de retorno. Só assim conseguimos embarcar”, relata o jornalista.
Os contratempos com dinheiro foram vários. Cartões que não passaram, caixas automáticos vazios e ausência das casas de câmbio fizeram com que eles aprendessem uma de tantas lições do guia do mochileiro: quanto mais dinheiro em espécie, melhor. Além disso, mochilar exige economia e, com esse intuito, Marrocos ainda reservava mais histórias para contar.
Nathy e Leo visitam a Mesquita Cutubia, em Marrakesh, no Marrocos (Foto: Arquivo Pessoal) |
“Pegamos um trem para ir de Casablanca a Marrakesh. Optamos pela segunda classe, já que era a opção mais barata. Vagões lotados, sem lugar para sentar, o trem em alta velocidade com as portas abertas, pessoas fumando e tentando falar conosco em árabe sobre futebol, quando viram a bandeira do Brasil em nossa mochila”, lembra a produtora.
O velho continente também colaborou com fatos marcantes. Na Alemanha, eles aceitaram trabalhar voluntariamente em uma escola de circo para crianças, em troca de hospedagem e alimentação. “Descobrimos que teríamos que dormir em um vagão velho de trem, fazer nossas necessidades na natureza e precisávamos usar lenços na cabeça para não pegar piolho! Foi de longe a maior surpresa”, diz Leonardo.
Mochilar é preciso
Viajar de mochilão é menos sobre luxo e flashes e mais sobre mente e coração abertos para absorver experiências. Como casal, Nathy e Leo afirmam que o respeito entre eles, bem como o conhecimento sobre o outro é maior. Agora, compartilham de outro sonho. “Desejamos ser fluentes em várias línguas e conhecer todos os países deste mundo”, revelam.
Cinco meses, quatro continentes, e doze países depois, Nathalia e Leonardo dão a dica: “Mochilar é preciso. É importante para se desprender de coisas materiais, se libertar de alguns medos. Acreditamos que o mundo é como o mar, onde você pode se jogar para, durante o caminho, absorver o máximo de coisas possíveis”, enfatizam.