27 de mar. de 2016

Entrevista com o Paratleta Matheus Henrique

Quando e como começou a fazer natação?
R: Comecei a nadar aos 7 anos de idade por indicação médica para não ter um “problema” grave na coluna quando ficasse mais velho. O treinamento propriamente dito começou aos 13 anos e desde então não parei mais.

Sofreu algum tipo de preconceito ou dificuldade dentro do esporte?
R: Sinceramente não me lembro de nenhum caso de preconceito. Nunca teve uma pessoa que chegou à minha cara e disse que eu não conseguiria nadar por ter um braço menor do que o outro. O que houve, e acho isso muito normal, foi quando era criança e comecei a ouvir algumas brincadeiras, mas nada de mais, coisa de criança mesmo.

Como é sua rotina de treinamento?
R: Treino 6 dias por semana (segunda à sábado). São 9 sessões de treino na piscina e 2 na academia. Treino todo dia de manhã e 3 vezes na semana também nado a tarde.

Para o Parapan, teve um tipo de treinamento diferenciado?
R: Logo após o Open Loterias Caixa que aconteceu em abril, o nosso foco passou a ser o Parapan. Foram 3 meses de muito treino e esforço para que pudéssemos chegar bem na competição. Com a proximidade da competição o treinamento foi ficando mais específico para cada atleta, mas nada fugiu muito do que eu já estava acostumado a fazer.

Conte um pouco sobre a campanha do Brasil e da natação brasileira no Parapan?
R: Foi a melhor campanha do Brasil na história da competição. Terminamos a competição com um total de 257 medalhas. A natação também fez a melhor campanha da história dos Jogos com um total de 104 medalhas e se tronou tri-campeã parapan-americana. Isso mostra que o nosso grupo esta unido e evoluindo em busca do nosso principal objetivo que são os Jogos Paralímpicos do ano que vem.

Os seus resultados no Parapan, já eram esperados por você?
R: Eu vinha treinando muito bem nos últimos 3 meses, e isso foi me deixando cada vez mais confiante em um resultado positivo nas minhas provas. Sabia que iria nadar bem, baixar as minhas melhores marcas da vida, e as medalhas acabaram vindo para coroar tudo o que foi feito durante a preparação.

Para a Paralimpíadas no Rio, em 2016. Quais as expectativas? Você já está automaticamente classificado, ou precisa participar de alguma competição classificatória?
R:Ainda não conquistei o índice para participar das Paralímpiadas do ano que vem, mas acredito que estamos no caminho certo para conseguir esse primeiro objetivo. Teremos algumas competições até que a seleção que for para os Jogos seja convocada. A última chance será em abril de 2016, no Rio de Janeiro.

Nas competições, tem algum hábito, mania ou ritual pra dar sorte antes das provas?
R: Ouço sempre as mesmas músicas, procuro ficar tranqüilo e pensar em tudo o que treinei e fiz para que pudesse chegar a aquele momento bem. Como sou muito religioso, faço sempre o Sinal da Cruz antes de subir no bloco e peço a proteção de Nossa Senhora. Costumo fazer essas coisas, não para dar sorte, mas apenas para não sair da minha rotina. Acredito que não existe sorte, e sim muito treino e dedicação para chegar aos objetivos.

O apoio do técnico, da família e dos amigos é sempre fundamental. Como eles te incentivam e como eles te receberam na volta depois dessa conquista?
R: Me receberam com muito carinho e alegria, pois sabem que as minhas conquistas são conquistas deles também. O Felipe meu técnico estava na competição, pois também é técnico da seleção, portanto eu pude dividir toda a emoção dos bons resultados com ele em Toronto.

O que sua família representa em sua vida? No que eles ajudaram ou influenciaram carreira esportiva?
R: Minha família é a base para tudo isso que acontece em minha vida. São eles a minha maior motivação. Nos momentos de dificuldades é aonde me apoio e recupero as forças (minha mãe que diga kk) e vê-los felizes com os meus resultados é a parte que mais me deixa realizado com o que eu faço. Amo eles de uma forma que não consigo explicar e nem mensurar.

Para finalizar. O que a natação representa em sua vida? E qual mensagem você deixa para outros atletas.
R: A natação, além de ser o meu trabalho, hoje é minha vida. Me dedico 100% ao esporte e faço isso com muito amor, dedicação e prazer. Aos amigos atletas, e a todas as pessoas, o que eu posso dizer é que acreditem sempre que são capazes. Se esforcem para conquistar o que querem, mas sempre acreditem. Podemos conquistar tudo que sonhamos, basta trabalhar e acreditar!