3 de mai. de 2016

Moda artesanal leva arte e impulsiona a economia em tempos de crise

Personalidade e autenticidade são pontos fortes desse segmento

O artesanato na moda está se destacando e criando oportunidade para novas expressões na arte, crescendo mais de 127% de acordo com levantamento realizado em 2015. O consumidor não procura mais apenas um produto simplesmente em sua composição. 

Por: Geovana Mara

O ano de 2015 foi marcado pelo fantasma da crise de 2016, hoje, a mesma é atualmente o pior pesadelo de comerciantes e empresários. Contra essa maré, artistas constataram que apesar das dificuldades econômicas, o investimento em moda e acessórios demonstrou interesse em um mercado considerado, por um tempo, alternativo. A moda artesanal ganhou destaque e abriu oportunidade para novas expressões artísticas, crescendo mais de 127% desde 2015 pra cá. O consumidor não procura mais apenas um produto simplesmente em sua composição.

Artista Kaic Bo produz peças artesanais e financia a sua arte.
Cada vez mais se pensa no valor que vem junto, no conceito e na forma como uma peça é confeccionada antes de compra-la. E em ano de crise, ganha a cena quem é diferente e se sabe usar de inovações para atrair a atenção do cliente. A grife Tod’s, conceituada mundialmente no ramo de calçados, tem enaltecido em suas campanhas e trabalhos de divulgação a presença do artesanal dentro do processo de produção de seus calçados. A empresa afirma que mais da metade desse processo é feita de maneira artesanal. “Valorizar movimentos como o ‘slow fashion’e o conceito do artesanal e do exclusivo, a grife investe ainda mais nas suas raízes”, afirma o gerente geral mundial da Tod’s, Claudio Castiglione.

O Vale do Paraíba é mais do que parte disso

Em Guaratinguetá encontra-se um personagem completo sobre essa realidade descrita. A história de Kaic Bo explode arte em quem o conhece ou simplesmente entra com contato com o seu trabalho. Alfaiate e músico, o jovem encontrou vertentes da arte para incentivar a si mesmo, na missão de espalhar cultura e felicidade.

Kaic tem sido destaque em vendas de mochilas, bolsas e sapatos artesanais, tem menos de dois anos que o alfaiate tem o auxílio de uma máquina de costura, daqueles modelos bem antigos, para confeccionar suas peças, até então, todo o processo era puramente manual. A trajetória começou em 2013, com o primeiro chapéu elaborado 100% por ele, para compor o figurino de um videoclipe de uma de suas músicas. A produção ficou tão boa que fez sucesso e sem pretensão nenhuma, Bo continuou com o trabalho, “Curti a ideia de ter minhas peças com a minha personalidade, não pensava em fazer dinheiro com isso”, comenta o artista. 

Após vender seu primeiro chapéu, em 2014, o alfaiate que é também autodidata, já estava mergulhado no estudo das bolsas e começou então a produção de mochila e foi quando deslanchou para o sucesso que é hoje. Ano passado, morando em Pelotas, produziu o seu primeiro tênis e também o seu segundo disco. Trabalhou intensamente como alfaiate e músico. De volta a Guará, seu trabalho na moda está a todo vapor, Bo se aperfeiçoou ainda mais e suas botas são reconhecidas por todos, devido a sua marca autêntica de arte e personalidade, recebendo encomendas de todo o país.