14 de jun. de 2017

Grupo de Jovens Franciscanos, faz doações e estimula o contato com moradores de rua

O Grupo “Somos chamados a Servir”, segue os princípios de São Francisco e conta com a com ajuda de mais de 30 voluntários para levar roupas e alimentos a moradores de ruas da cidade de Pindamonhangaba-SP.

por Paulo Victor


No começo, o trabalho surgiu com moradores de São Paulo (capital) e com a vinda da família da Lucimar e do Vrady, idealizadores desse projeto para o interior, trouxeram com sigo o trabalho para o município. É com o apoio de amigos e familiares que já são mais de 12 anos em que o casal vem realizando esse trabalho, a equipe busca levar amor e atenção para os moradores de rua, que para os voluntários na maioria das vezes tem se tornado mais essencial do que o próprio alimento.

Uma pesquisa publicada pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), com base em dados de 2015 projetou que o Brasil tem pouco mais de 100 mil pessoas vivendo nas ruas. O Texto para Discussão Estimativa da População em Situação de Rua no Brasil aponta que os grandes municípios abrigavam, naquele ano, a maior parte dessa população. Das 101.854 pessoas em situação de rua, 40,1% estavam em municípios com mais de 900 mil habitantes e 77,02% habitavam municípios com mais de 100 mil pessoas. Já nos municípios menores, com até 10 mil habitantes, a porcentagem era bem menor: apenas 6,63% de casos.

A tarefa de ajudar a quem precisa não é fácil, embora exista muitas entidades independentes e ações de políticas sociais voltadas para essas pessoas, é preciso um melhor acompanhamento para que o morador de rua volte a integrar uma posição digna quanto aos direitos básicos de moradia, direitos esse reconhecido e implantado como pressuposto para a dignidade da pessoa humana, desde 1948, com a Declaração Universal dos Direitos Humanos e que foi acolhido e introduzido na Constituição Federal de 1988. 

“Levar a comida, supre a necessidade do ser humano que é a fome, entretanto nós quanto um grupo que vivenciamos os princípios de São Francisco, temos a proposta de levar um pouco mais de carinho, a atenção e uma palavra amiga que geralmente é tudo que um morador de rua espera”, destacou Luís Ephigenio integrante do grupo.

Para Lucimar, um dos grandes diferencias do trabalho feito pelo grupo “Somos chamados a Servir”, aqui na cidade de Pindamonhangaba é a questão por valorizarem em primeiro lugar o respeito e o afeto pela pessoa “como nossa imagem e semelhança” que está morando nas ruas.

O que mais tem chamado a atenção dos voluntários, é o fato de ambos sempre ouvirem dessas pessoas que a maior dificuldade enfrentada por eles é terem caído ao esquecimento pela sociedade, é não ter alguém com que se importe com as suas histórias de vidas, alguém que pense em não deixar apenas a comida, mas sim conhecer melhor quem está necessitando daquela ajuda, isso é o que um morador de rua espera; relata um dos voluntários.

Ao longo dos anos, com o amadurecimento desse trabalho, constataram que nem sempre um morador de rua é uma pessoa que carrega com sigo algum tipo de vicio ou dependência química, existem casos e historias incríveis “relatadas a eles que levam essa ajuda” de pessoa que preferem largar a vida que tinha no passado, deixando sua família de lado, para viver nas ruas simplesmente por conta de perder o prazer em viver.

Para aqueles que desejam conhecer melhor esse trabalho, ele é feito todas as sextas feiras, na casa da Lucimar e do Vrady, na Av. Espanha, número 368 no residencial Pasin em Moreira Cesar / Pindamonhangaba. O grupo é aberto para todas as pessoas e os interessados podem entrar em contato pelo número (12)99243-5968, ou basta irem no endereço acima.

“São Francisco começou sozinho, nesse trabalho começou meu marido, eu e minha mãe e com o passar do tempo, tentamos mostrar para essa nova equipe que vem atuando conosco a mais de 3 anos como você não deixa de ser jovem quando dedica seu tempo em ajudar as outras pessoas, mas passa a enxergar a vida, com um outro olhar quando se dá o primeiro passo ao se tornar um franciscano", disse Lucimar.

O grupo tem sido bastante persistente e conta com a ajuda da comunidade sempre, pois as dificuldades mais encontradas por eles quase sempre tem sido a falta de doações. Existem vezes em que suas saídas ao encontro desses moradores de ruas são apenas com o alimento e se deparam com muitos moradores sentindo frio, sem poder fazer algo naquele momento.

Segundo Lucimar, o morador de rua, recebe muitas doações inclusive de roupas e cobertores, porém a facilidade de que ele as perca é grande, pois quase sempre ele esquece em algum lugar ou tem seus pertences jogado fora por outros por estar incomodando os bancos das praças, as calçadas das lojas e as ruas dos centros comerciais.

Eles acreditam que o número de moradores vem crescendo na cidade, no começo eram levadas 25 marmitas, agora são contabilizadas 40 por sextas feiras, isso quando não levam a mais, deixando duas para os moradores a fim de garantir que o mesmo tenha uma segunda refeição no outro dia.