20 de jun. de 2017

Sustentabilidade é a nova maneira de andar na moda

Em época onde a preservação do meio ambiente e o desenvolvimento sustentável são preocupações recorrentes na sociedade, o mercado caminha em prol de uma nova ideologia.


Por Poliana Barros

O mundo da moda vem ganhando cada vez mais adeptos a produtos sustentáveis. A fim de diminuir o consumo e evitar escassez dos recursos da natureza, estilistas e empresas estão abrindo espaços para as roupas ecológicas em suas coleções. Feitos com materiais orgânicos e alternativos como poliéster de garrafa pet e fibra de bambu, as roupas e acessórios ecológicos também utilizam de mão de obra digna e preço justo.

A indústria Têxtil é uma das quatro que mais consomem recursos naturais de acordo com dados da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA). Nesse cenário, a diminuição de produtos que recebem alguma interferência recursos químicos ainda é um dos maiores desafios do setor.

De acordo com a Doutora em Engenharia Mecânica na área de Materiais Kelly Benini, pesquisadora na área de fibras naturais da UNESP de Guaratinguetá, nos últimos anos muitos cientistas e pesquisadores têm estudado muito o desenvolvimento de novos recursos a partir de fontes renováveis e, “dentro deste contexto, a moda sustentável é importante, pois, coloca em uso e em evidência esses materiais, além de alavancarem os investimentos em pesquisas e em desenvolvimento de novas matérias primas e de novos processos, que não causem danos ao meio ambiente”.

Apesar da base de sua produção ser extraída de produtos alternativos, pode- se dizer que as roupas ecológicas são muito similares às roupas comuns, seja na qualidade ou nos aspectos visuais. Para Claudia Fernandes, proprietária de uma loja de moda sustentável, esse foi seu estímulo inicial. “Quando eu comecei a pesquisar o conceito até meu marido duvidava de como seriam as peças e, tirando minha ideia do papel, eu conseguir convencer a todos sobre a qualidade e a beleza dos produtos”.

Pelo conceito ainda estar engatinhando no Brasil, os desafios de quem se propõe a desenvolver produtos sustentáveis são muitos e de diferentes vertentes, como conta Sabrina Freire proprietária da marca Trópicca, que desenvolve bolsas e calçados ecológicos. “Uma das minhas maiores preocupações era em Ter qualidade e comprometimento por parte dos artesãos, já que todo o processo de produção da marca é desenvolvido de forma manual”.

Sabrina ainda fala de como o grau de conhecimento das pessoas influenciou no processo de aceitação do seu produto. “Procurava clientes com perfil C, e sequer conseguia ser atendida, então um amigo me aconselhou que visitasse uma loja classe A e conseguimos assim iniciar as vendas e entender melhor o produto e cliente”.

É um seguimento que vai muito além da modelagem e do belo, seu principal objetivo é a preservação dos recursos do planeta. “O benefício causado ao ecossistema está relacionado principalmente ao não esgotamento de matérias primas de fonte não renovável, como o petróleo, por exemplo. Além do mais, ajudam a manter o equilíbrio natural do nosso ecossistema, sem adicionar ou remover algo que o tire de seu funcionamento normal e equilibrado”, completa Kelly Benini.


Na contramão da sociedade de consumo, a moda sustentável foge das tendências propostas nas passarelas e segue um conceito de atemporalidade. Para a engenheira “A moda muda constantemente, desta forma, adquirir uma peça da moda significa consumir além do necessário”. Ela ainda acrescenta que “usar uma peça mais ecológica vai muito além de usar uma roupa ou um calçado que tenha sido produzido com material reciclado, reutilizado e/ou de fonte renovável e produzido de maneira sustentável, usar uma peça mais ecológica significa usar uma peça atemporal, que terá uma vida útil grande e que poderá ser reaproveitada ou transformada durante o seu ciclo de vida”.


Para a lojista Claudia é preciso é preciso trabalhar a educação do consumidor, leva-lo a refletir sobre esses conceitos, para só então reverter todo o processo da cadeia produtiva. “O objetivo principal da moda sustentável não é vender muito para poucos, mas sim, pouco para muitos” tornando-se um processo de formiguinha que ainda levará tempo para atingir grandes dimensões no país.