A cidade recolhe e dá destino à grande volume de material reciclável,
cerca de 65 toneladas por mês, com o apoio de cooperativas.
Luciana Soares
| foto: Luciana Soares |
A cidade de Aparecida é conhecida como a capital da fé por ter a Basílica Nacional da Padroeira do Brasil, e recebe cerca de 11 milhões de romeiros por ano, segundo a administração do Santuário. Diante desse dado, o lixo gerado no município se torna ainda maior. Existe então o programa de coleta seletiva, onde se é apanhado uma média diária de 1.500 a 2.000kg de materiais recicláveis, segundo o assessor técnico para resíduos sólidos do Serviço Autônomo de Água e Esgotos (SAAE), César Nascimento. “Recolhemos cerca de 85% de lixo seco que a cidade produz, e encaminhamos para a Cooperativa Recicla Mais que é nossa parceira”, diz.
Existe ainda um grande volume de material reciclável na cidade, que não entra nessa conta, pois são encaminhados a outros locais. Um exemplo é a Cooperativa de Catadores São Benedito, que está no mercado há 15 anos e tem como proprietário Itacir de Cássio Custódio. “O material com o qual trabalhamos é recolhido por catadores ou produzido por empresas de médio e grande porte, que tem o cuidado em dar o destino correto a todo esse volume que gerado”, esclarece. O proprietário tira seu sustento e de sua família da Cooperativa e conta com três funcionários, que buscam os materiais e fazem a separação, em seguida realizam o processo com o transbordo. O destino desse material são indústrias que o reutiliza.
| foto: Luciana Soares |
No caso da Cooperativa Recicla Mais em que é despejado o lixo reciclável recolhido pela coleta seletiva, são ao todo 15 cooperados, que eram trabalhadores do extinto lixão da cidade de Aparecida e que fundaram essa cooperativa em maio de 2011. Daniela Carvalho é a diretora responsável pelo local atualmente, e conta que a prefeitura doa uma cesta básica para cada integrante todo mês, e que o SAAE cedeu três caminhões coletores e duas prensas. Já o salário é obtido com a venda de todo material coletado e separado. “Conseguimos tirar mais ou menos R$ 1 mil por mês cada um. Eu, por exemplo, sustento meus seis filhos com o que ganho aqui”, comenta.
Ambas cooperativas notam cada vez mais o aumento do volume dos materiais reutilizáveis. O engenheiro ambiental Raoni Zeitune ressalta que o primeiro responsável pela separação do lixo úmido e do seco é o próprio munícipe. “A conscientização dentro dos lares é o ponto de partida ideal, assim se facilita todo o restante do processo, além de não oferecer riscos aos catadores. É a consciência universal sobre a importância do cuidado com as pessoas e com o meio ambiente”, diz.
O Brasil perde cerca de R$ 8 bilhões por ano por não reciclar todos resíduos que poderiam ter outro fim, e que acabam sendo encaminhados aos aterros e lixões nas cidades. Esse foi o valor estimado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) por encomenda do Ministério do Meio Ambiente.