Ricardo Abissi
Ainda que uma sequência significativa de jogos pode ser importante para o desempenho de atletas e equipes de futebol, essas partidas disputadas em um curto período chegam a ser prejudiciais tanto à parte física dos jogadores quanto aos resultados das equipes.
Um dos principais fatores que podem atrapalhar a participação dos profissionais dentro de campo está relacionado à parte física, na maioria das vezes comprometida devido à maratona de jogos. Quanto às equipes, o desgaste físico dos atletas interfere no trabalho coletivo de cada time.
Nos últimos dias acompanhamos o quanto isso pôde interferir no desempenho do Santos pelo Campeonato Brasileiro. Após a paralisação na disputa de dois jogos do Brasileiro para viajar a compromisso de um amistoso na Europa contra o Barcelona, o Alvinegro enfrentou na volta uma sequência de jogos ao menos questionável. Há de se considerar que a decisão pelo jogo fora do país foi do próprio clube, mas a remarcação das partidas dentro da competição foge dos padrões do futebol de alto-rendimento.
O time da baixada santista fez quatro jogos em apenas oito dias, e fez seis pontos dentro de doze disputados. O técnico do Santos, Claudinei Oliveira, chegou a considerar a situação como “desumana” e afirmou o quanto isso afetou nas atuações da equipe. “Fizemos quatro jogos em oito dias. Para o futebol, que é um esporte de contato, o tamanho do campo, e o tanto que o jogador tem que correr, é normal o desgaste”, disse ao portal ig.com.br.
Já o meia Renato Abreu, recém contratado pelo clube, foi um pouco mais polêmico ao se posicionar sobre o assunto após a derrota para o Flamengo, no terceiro jogo da maratona. "Perdemos o jogo, mas a equipe está vindo de uma maratona. Considerando isso, até jogamos bem, criamos algumas oportunidades. Mas é desumano jogar três, quatro jogos em um semana. Ninguém quer saber do nosso vigor físico, ninguém quer saber da nossa saúde", comentou o atleta ao site uol.com.br.
Diante de situações como essa, a parte física dos jogadores é a maior preocupação dos preparadores dos clubes de futebol. O preparador físico do Santos, Ricardo Rosa, afirmou que uma sequência como essa aumenta significativamente o risco de lesões aos atletas. Para isso, antes da maratona de jogos ele comentou medidas preventivas que adotaria no período. “Em um período normal de jogo, há um tempo para recuperar esses jogadores que apresentarem maior desgaste, mas agora não. Se tivesse folga, dava para liberar o jogador, fazer trabalhos mais leves. Mas agora são poucos dias e muitos jogos. Não consigo entender essa sequência. É prejudicial ao clube, ao jogador e ao próprio campeonato”, disse em entrevista ao site lancenet.com.br
Os riscos de lesão chegam a ser cinco vezes maiores que o normal, como afirma o fisiologista do Santos, Luis Fernando Barros. “Essa maratona me preocupa muito. Jogador que atua duas vezes por semana tem um risco cinco vezes maior de sofrer lesão do que um outro jogador que joga apenas uma vez por semana. A gente tem como tentar prevenir a lesão, mas pode não ser suficiente”, ressaltou ao portal lance.
Um dos métodos adotados pelos treinadores diante dessas circunstâncias é o revezamento da equipe que vai a campo. Porém, isso pode interferir o desempenho do time tecnicamente, influenciando no entrosamento dos jogadores.
