Por Beatriz Nery
Com
o surgimento das novas mídias, é comum pais e professores reclamarem de seus
filhos e alunos, da faixa etária de 10 a 20 anos, não estarem lendo. “Só pensam
em celular e computador”, é o que dizem. Mas o que não sabem é que nessas
ferramentas o adolescente descobre um novo prazer para a leitura e, por meio
delas, eles lêem.
Um
recente levantamento promovido pelo Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube)
confirma isso. A pesquisa, com 12 mil internautas entre 16 e 25 anos, constatou
que 44,74% dos entrevistados leem pelo menos um livro por mês. O que
desencadeou esse interesse seria a saga “Harry Potter” de J.K. Rowling, que trouxe
aos jovens a língua coloquial (do dia-a-dia) para a literatura, sendo propagada
com facilidade pela internet.
“Comecei
a ler por causa do blog literário Garota It”, conta João Mateus Kish Ida, de 17
anos, que de 2013 para cá, passou a devorar em torno de dois a três livros por
mês. Garota it é um blog com objetivo único de postagem sobre literatura,
indicando, resenhando e falando sobre livros. Já fez a cobertura da Bienal do Livro do Rio 2011 como um dos blogs convidados e também
da Bienal do Livro de São Paulo 2012. Hoje é uma referência em blogs sobre livros para jovens,
como a famosa trilogia entre os jovens, “Jogos Vorazes”, de Suzanne Collins.
Os
blogs literários, juntamente com as comunidades virtuais, fazem com o que os
interesses comuns de um determinado grupo por um certo livro ou o gosto pela
literatura não deixe o leitor sozinho, pois muitas vezes o círculo de amizade offline não compartilha da mesma paixão.
“A minoria dos meus amigos lêem, mas tenho a sorte de que os poucos que
compartilham, gostam do mesmo estilo de leitura”, comemora João.
Para
Danilo Passos, pesquisador em Literatura e autor do livro “O Magnata do Tempo”,
o jovem ler a literatura contemporânea e ‘marginal’ é um passo para que ele
possa se aprofundar em outras vertentes, que isso deve realmente acontecer para
seu crescimento cultural.
“O
problema é que eles estão devorando livros como esses por conta da linguagem
ser próxima a do jovem, é mais fácil entregar um “Jogos Vorazes” a uma sala de
8ª série do que um Machado de Assis, o número de críticas vai crescer mais para
a literatura clássica do que para a Suzanne Collins (autora de Jogos Vorazes),
mas não pelo que conta o livro, mas sim pela linguagem.”