16 de abr. de 2014

O jovem lê sim – mas do seu jeito

Por Beatriz Nery

Com o surgimento das novas mídias, é comum pais e professores reclamarem de seus filhos e alunos, da faixa etária de 10 a 20 anos, não estarem lendo. “Só pensam em celular e computador”, é o que dizem. Mas o que não sabem é que nessas ferramentas o adolescente descobre um novo prazer para a leitura e, por meio delas, eles lêem.

Um recente levantamento promovido pelo Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube) confirma isso. A pesquisa, com 12 mil internautas entre 16 e 25 anos, constatou que 44,74% dos entrevistados leem pelo menos um livro por mês. O que desencadeou esse interesse seria a saga “Harry Potter” de J.K. Rowling, que trouxe aos jovens a língua coloquial (do dia-a-dia) para a literatura, sendo propagada com facilidade pela internet.

“Comecei a ler por causa do blog literário Garota It”, conta João Mateus Kish Ida, de 17 anos, que de 2013 para cá, passou a devorar em torno de dois a três livros por mês. Garota it é um blog com objetivo único de postagem sobre literatura, indicando, resenhando e falando sobre livros. Já fez a cobertura da Bienal do Livro do Rio 2011 como um dos blogs convidados e também da Bienal do Livro de São Paulo 2012. Hoje é uma referência em blogs sobre livros para jovens, como a famosa trilogia entre os jovens, “Jogos Vorazes”, de Suzanne Collins.

Os blogs literários, juntamente com as comunidades virtuais, fazem com o que os interesses comuns de um determinado grupo por um certo livro ou o gosto pela literatura não deixe o leitor sozinho, pois muitas vezes o círculo de amizade offline não compartilha da mesma paixão. “A minoria dos meus amigos lêem, mas tenho a sorte de que os poucos que compartilham, gostam do mesmo estilo de leitura”, comemora João.

Para Danilo Passos, pesquisador em Literatura e autor do livro “O Magnata do Tempo”, o jovem ler a literatura contemporânea e ‘marginal’ é um passo para que ele possa se aprofundar em outras vertentes, que isso deve realmente acontecer para seu crescimento cultural.

“O problema é que eles estão devorando livros como esses por conta da linguagem ser próxima a do jovem, é mais fácil entregar um “Jogos Vorazes” a uma sala de 8ª série do que um Machado de Assis, o número de críticas vai crescer mais para a literatura clássica do que para a Suzanne Collins (autora de Jogos Vorazes), mas não pelo que conta o livro, mas sim pela linguagem.”