5 de mai. de 2015

Mortes em acidentes com moto sobem 315% em 10 anos

Frota brasileira de motocicletas aumenta 150%, elevando os acidentes causadores de invalidez e mortes

Acidentes de moto são responsáveis por 44% dos atendimentos no pronto-socorro de toda a Capital Paulista, estes acidentes tiveram um aumento de 315% em 10 anos. Segundo dados do Conselho Nacional de Trânsito – CONTRAN há hoje no país mais de 20 milhões de habilitados na categoria A, necessária para a condução de motos.
Por Isabela Freitas


Em 2013, os acidentes com morte envolvendo moto representaram 30% do total de acidentes do Brasil, sendo a maior parte ocorrida em vias urbanas.

De acordo com o Conselho Nacional de Trânsito – CONTRAN no mesmo período, os acidentes com moto tiveram um crescimento de 315%. Segundo o professor do Centro de Formação de Condutores de Lorena, Ronaldo Marton, a falta de atenção e respeito com os condutores influencia quase 80% dos acidentes de trânsito.
"A má-formação nas autoescolas aliada à imprudência dos condutores e à péssima conservação de vias, são fatores decisivos para o chocante número de acidentes que quando não fazem vítimas fatais, levam as pessoas a adquirirem lesões graves, como traumatismo craniano, lesão medular e amputações."

O estudante universitário, Matheus Marcílio de Pindamonhangaba, 24 anos, conta que dois anos após tirar sua CNH, sofreu um acidente de moto que o impossibilitou de continuar dirigindo: “Eu quase perdi o braço. Tive médicos horríveis e outros muito bons, então fiquei somente com uma deficiência. Hoje não posso mais dirigir motos por causa desta deficiência, tive que passar por quatro anos de fisioterapia e cinco cirurgias.”

Ele reclama que, durante o tempo que dirigiu, sofria com a falta de respeito por parte de outros motoristas de automóveis. “Falta respeito deles com as pessoas que dirigem motos. Há um certo preconceito, eles acham que todas são "vida loka", que vão fazer loucuras em cima da moto”, conta.

Segundo dados da Secretaria de Saúde 44% dos atendimentos no pronto-socorro de toda a Capital Paulista em 2013 são de motociclistas. A estudante do 4º ano de enfermagem da FATEA, Mayhara Lima, 23 anos, atendente no SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), conta que nos acidentes automobilísticos, a maioria são motociclistas ou garupas. “Essas vítimas sempre apresentam escoriações pelo corpo e o tipo de lesão grave mais comum é a fratura de membros (braços e pernas). A maior parte dos envolvidos em acidentes de trânsito são homens, tanto como causadores, como vítimas”, ressalta.

Em pesquisa realizada no mesmo ano, pelo CONTRAN, a maioria dos acidentados vem de uma classe baixa economicamente, de 18 a 30 anos e cerca de 50% usam a moto como meio de transporte.