Cidade não registra desde 2013 nenhum crime contra a vida cometido por adolescentes menores de idade.
por Julia Beck
 |
| Foto: |
Sete entre dez menores infratores apreendidos na cidade de Lorena têm envolvimento com o tráfico de drogas e pequenos furtos. A afirmação é da coordenadora do Provim (Projeto Vida Melhor), Wanessa Andrea da Silva Vieira e que foi confirmada pelo Orientador Social do Creas (Centro de Referência Especializado de Assistência), Cléber Alvarenga.
O projeto que era do Provim, este ano foi assumido integralmente pelo Creas, contabilizando mais de 83 jovens atendidos ou em atendimento, e desde 2013, não registra nenhum caso de homicídio ou latrocínio envolvendo menores.
Dados também apontam os bairros Parque das Rodovias, Vila Passos, Bairro da Cruz e Cidade Industrial como os locais onde ocorrem a maior parte dos atos infracionais. Os locais onde as infrações são registradas são geralmente o bairro onde os menores residem. “O tráfico de drogas vem aumentando o que facilita ao adolescente comercializar próximo a sua residência” comentou a subsecretária do Creas, Dayse Cavalca.
O processo
As crianças e adolescentes que cometem atos ilícitos têm a infração registrada, e um relatório específico é elaborado. O registro dá-se a partir do contato com o adolescente e com o responsável, após uma visitação à casa do menor e a escola que costuma frequentar.
O relatório completo é entregue ao poder judiciário que, pautado no Eca (Estatuto da Criança e do Adolescente), aplica a pena. Esta pena pode ser de liberdade assistida, prestação de serviços à comunidade ou encaminhamento à Fundação Casa.
Quando solicitada a liberdade assistida, o jovem é direcionado ao Creas e é orientado através do Programa de Medida Socioeducativo em Meio Aberto. Os profissionais da equipe de orientação realizam o acompanhamento e estabelecem o plano individual, no qual o menor é auxiliado a conquistar suas metas e projeções através de formações em cursos de especialização ou parcerias com organizações ou empresas conveniadas.
Escola e sociedade
Segundo o sociólogo Helcio Silva as transformações tecnológicas, internet, redes sociais e os meios de comunicação em geral têm forte impacto na vida do jovem do século XXI. “Junto com as ferramentas surgem informações construtivas, mas também valores invertidos. A necessidade de um trabalho de instrução surge a partir daí. Família, escola e órgãos responsáveis devem educar e preparar os adolescentes para que saibam seus direitos e para que cumpram com seus deveres” completou o sociólogo.
O professor da rede pública de ensino, Vraldecir Theodoro expõe a dificuldade de se reconhecer ainda em sala crianças com predisposição a se envolverem com o crime. “Mesmo reconhecendo realidades diferentes, lares problemáticos e até mesmo violentos é complicado afirmar ou predestinar algo” certificou o professor, que suscitou a importância do bom relacionamento entre aluno e educador, para que, a partir da confiança, professor e instituição formem bons jovens e ótimos cidadãos.
