29 de mar. de 2016

Grupos de venda e troca tomam conta das redes sociais

Todo mundo tem algo encalhado em casa. Em vez de jogar no lixo, negocie o que você não usa mais por alguma coisa útil. Essa é a proposta dos sites de troca-troca virtual.


Por: Gabriel Macedo
As cidades do Vale do Paraíba já se adaptaram a essa nova moda
 Página de venda no grupo Troca-Troca Guaratinguetá
O grupo troca-troca Guaratinguetá é o mais popular do Vale do Paraíba, com um alcance de mais de trinta publicações diárias e conta com aproximadamente 35 mil membros ativos na página.
Para entender porque esses grupos de venda e troca de produtos ganham tantos adeptos na rede social, o administrador, Danilo Luiz Silva, explica que esse mercado é um reflexo do nosso modelo de sociedade. “Uma sociedade cada vez mais conectada e interligada através das redes sociais”, afirma.

Segundo ele, a divulgação feita à moda antiga, no “boca a boca”, é uma das razões do sucesso. A indicação de amigos é um fator importante na comprovação da qualidade de um produto. “É mais fácil anunciar na rede onde todos estão, do que colocar os produtos num espaço físico e aguardar que as pessoas comprem”, completa.

Um estudo realizado pelo Serviço de Proteção do Crédito (SPC), em fevereiro de 2015, comprova que o brasileiro não possui mais tanta desconfiança na hora de fazer compras online. O levantamento foi feito com 678 pessoas de todas as capitais do Brasil, e apenas 8% dos entrevistados afirmam não adquirir produtos pela internet. O índice médio de satisfação auferido pelo SPC foi de 9,3, numa escala de 0 a 10.

No que diz respeito às vantagens de se comprar online, 74% dos entrevistados acredita que adquirir pela internet é cômodo, 50% vê benefícios por conta dos preços baixos, 33% diz economizar tempo e por fim, 27% dos clientes vê facilidade na hora de comparar produtos.
Quem está aproveitando esse momento são os trabalhadores autônomos, que entram nesses grupos e oferecem seus produtos sem nenhum custo adicional. Não pagam por nenhum trabalho publicitário. Isso pode ser visto em diversas comunidades de troca.

Imagem da internet
Para o vendedor autônomo de roupas, Rafael Carvalho, 24 anos, essa prática de vendas pela internet favoreceu seu negócio e isso esta trazendo resultados impressionantes. “As postagens e publicações alcançaram cerca de 603 curtidas na minha página. Obtive um retorno fantástico dos meus seguidores e ainda conquistei mais clientes com as minhas publicações”, afirma.

E quando questionado sobre o futuro dos negócios. "Hoje, minha renda mensal gira em torno de R$ 700 a R$1.500 limpos, isentos de impostos", explica. "Minha página no Facebook, especializada em vendas de roupas e acessórios unissex, conta com 150 participantes ativos, com alcance de 607 curtidas”, completa.

Negociação 

A dinâmica da negociação é bem simples. Basta acessar seu Facebook e publicar uma foto do que se quer passar adiante e no mesmo post informar o tipo de coisa que gostaria de receber pelo objeto. A partir daí, os interessados pelo produto vão oferecendo seus próprios itens pelos comentários e o dono do objeto anunciado decide com quem vai realizar a troca.

O mais interessante é que novas negociações de troca surgem a partir das postagens alheias, pois muitas pessoas informam aquilo que tem disponível por ali e despertam o interesse de outras.
“Entrei no Troca-Troca de Cachoeira Paulista, e vi que nos comentários de uma publicação sobre a troca de geladeira tinha uma senhora oferecendo um fogão. Entrei em contato com ela e troquei a minha mesa de mármore pelo fogão. A troca foi um sucesso”, garantiu a usuária, estudante de Biologia na FATEA, Natália Odorizzi.

A manicure Hedel Prata conta que para fazer a troca e o pagamento é comum combinar um lugar no centro da cidade, ou até mesmo na própria residência, para conferir o produto de perto antes de fechar o negócio. “Eu até recomendo combinar de encontrar a pessoa, pois não corre riscos de cair em uma cilada e sair no prejuízo”, explica.

Embora a maioria das pessoas conte experiências positivas, também existe o lado negativo. Produtos que não são o que aparentam ser nas fotos, equipamentos que não funcionam, celulares bloqueados.