29 de mar. de 2016

Conheça o trabalho da doula: antes, durante e depois do parto.

A tranquilidade e qualidade na hora do parto são os principais elementos almejados pelas futuras mamães. O nascimento do tão esperado filho deve ser um momento sublime e de conexão com o bebê.

Por: Daniele Bittencourt
Consideradas verdadeiras amigas, as doulas se dedicam e servem a mulher durante todo o processo de gestação e também no delicado momento do parto.

Dentre os profissionais envolvidos nesta prática está a Doula. São mulheres que oferecem apoio emocional, tiram dúvidas e orientam as gestantes antes, durante e depois do parto. Doula e fundadora do site “Bem Gerar – Maternidade e Desenvolvimento”, a terapeuta ocupacional Carla Arruda, explica o papel da profissional. “A doula funciona como um fio condutor, seguro e ao mesmo tempo leve para a mulher grávida e em trabalho de parto. Durante a gestação ela pode ser um apoio na busca por informações ajudando na adequação da realidade daquela mulher. No dia do parto, é o suporte feminino. Seja emocional ou físico frente as possíveis dificuldades que a mulher enfrenta como dor e medos.”

Com uma filha de três meses que veio ao mundo por meio de um parto humanizado, a palestrante Kareemi Prem, de 35 anos, considera a doula como a melhor amiga da gestante. “É ela que vai dar o apoio emocional para a gestante. Até a indicação de um chazinho para aliviar a tensão ela faz como carinho”, relembra. Além da atenção e acalento a doula também é a guardiã dos desejos daquela parturiente. “Foi para ela que eu entreguei meu Plano de Parto. Como eu queria o ambiente no momento do parto. Que eu gostaria que o pai fosse o primeiro a pegar o bebê enquanto ainda saia de mim. Enfim, a doula é uma mulher que está alí para servir a mulher que está parindo oferecendo apoio emocional e carinho antes durante e depois do parto”, completa Kareemi.

No caso do parto humanizado a doula é o primeiro profissional de saúde acionado pela gestante. Ela se mantém ao lado da mulher durante todo o processo de trabalho de parto se tornando um ponto de apoio e referência para a parturiente. “A doula faz esse acompanhamento em casa, no hospital ou em casa de parto. Utilizando-se de apoio verbal, orientação, massagem, posicionamentos, alimentando e hidratando a gestante e a mantendo confortável e segura”, garante Carla.

Mas todos esses cuidados não excluem a necessidade do acompanhamento de um médico obstetra durante toda a gestação e principalmente durante o parto. De acordo com Carla, “a doula não tem formação médica e não pode se responsabilizar ou realizar qualquer exame ou conduta. É necessário que seja contratado um bom profissional humanizado, seja obstetra ou obstetriz que acompanhe com segurança essa gestante, minimizando riscos e sabendo o momento certo de intervir”.

Nesse momento entra em discussão a dificuldade em se encontrar profissionais da área de saúde, e principalmente médicos obstetras, que se posicionem favoráveis a prática do parto humanizado. “São muito raros os obstetras humanizados. Eles não estão em todas as cidades do Brasil, muito pelo contrário. Eu tive a sorte de uma indicação certeira em Sorocaba, cidade que moro”, conta Kareemi.

Recentemente a pesquisa “Nascer no Brasil”, maior estudo sobre partos e nascimentos realizado no país, apontou que 52% dos nascimentos aconteceram por meio da cesárea. Se o foco for apenas no setor privado este número se torna ainda mais alarmante chegando a 80% dos nascimentos. A grande maioria desses números está relacionada a velha conduta de não respeito a autonomia da gestante no momento do parto e não respeito ao direito do bebê.