29 de mar. de 2016

Robótica educacional transforma conceitos de aprendizagem para estudantes

Por ser uma ferramenta recente, tendo maior abrangência em centros de pesquisa e universidades, o uso da robótica em educação básica acaba sendo um instrumento instigante para estudantes entre 7 e 14 anos.

Por Maria Carolina Moraes
Utilizando peças LEGO® eles desenvolvem projetos tecnológicos, como sistema eólico e solar.

Robótica é a ciência que estuda
a montagem e a programação de robôs
(Foto: Divulgação/TecNia)
“Compreendo que a tecnologia é fator inerente à existência humana”, diz o professor. Diante de uma sociedade cada vez mais conectada à tecnologia, é quase impossível disputar atenção com ela em sala de aula. Por um lado, as matérias de exatas não são muito atrativas, e por outro, a maioria dos alunos quer algo que vá além de fórmulas, conceitos e equações.

E foi pensando nisso que um professor de Geografia decidiu criar sua própria escola de tecnologia e aprendizagem em robótica. “A robótica atua como solução do trabalho interdisciplinar, que utiliza um modelo de aprendizagem interativo”, afirma Deivid Fidalgo, de Cruzeiro, à 200 quilômetros de São Paulo. Voltada para a utilização de novas tecnologias e ferramentas educacionais, o projeto desenvolve atividades em escolas e de forma extracurricular. Durante as aulas, os alunos são motivados a desenvolver raciocínio lógico, criatividade e trabalho em equipe. “É um ambiente onde o aluno é protagonista do processo de ensino-aprendizagem”, destaca.

Por ser uma ferramenta recente, tendo maior abrangência em centros de pesquisa e universidades, o uso da robótica em educação básica acaba sendo um instrumento instigante para estudantes entre 7 e 14 anos.

Utilizando peças Lego® e softwares, a teoria vista em sala de aula e, aparentemente sem conexão com a realidade, se relaciona com a montagem dos robôzinhos. Para Gustavo Valadão, 14, a experiência supri sua “necessidade e sede de criar”. Cursando o 9º ano do Ensino Fundamental, ele tem aulas de robótica há 2 anos, e se diz mais interessado em matérias que se interligam à física e mecatrônica.

Entre as atividades desenvolvidas, está a participação em eventos e torneios. Em um deles, a equipe composta por 9 jovens de diferentes instituições de ensino de Cruzeiro/SP, projetaram um sistema híbrido (eólico e solar) para gerar energia limpa para regiões afastadas dos grandes centros urbanos. Segundo o estudante, são oportunidades de apresentar o trabalho e quem sabe, levá-lo adiante. “O poder de criar coisas inovadoras que podem ajudar outras pessoas”, ressalta.

Construir e programar robôs exige a combinação
de conhecimentos de diversas áreas,
o que dá à robótica um caráter multidisciplinar
(Foto: Divulgação/TecNia)
Um estudo desenvolvido pela Southern Methodist University, em Dallas, no Texas, mostra que o aprendizado por interesse reflete no desempenho dos alunos. Tese que o estudante Áurio Quintanilha, 12, confirma: “O que mais me interessa são as montagens, medidas, cálculos. Eu me sinto curioso em aprender um pouco mais de tudo, e também tenho mais facilidade nas matérias, principalmente em matemática”.

Para incentivar a utilização de tecnologia em escolas, o Ministério da Educação lançou em 2009 um Guia de Tecnologias Educacionais, a fim de orientar educadores na escolha dos processos de ensino-aprendizagem. Nele, é possível encontrar projetos de alfabetização que fundamentam-se no uso de robótica, para desenvolver formação em conceitos de conteúdos curriculares, como ciências, história, e meio ambiente.