28 de mar. de 2017

Universitários enfrentam jornada dupla para permanecer na graduaçã

Na busca por um futuro promissor, é cada vez mais comum aos estudantes enfrentarem uma cansativa jornada dupla para custear o próprio estudo ou para ganhar experiência profissional.

Por: Maria Fernanda Rezende

De acordo com o censo do Inep de 2014, a quantidade de matrículas nos horários noturnos dos cursos de graduação presenciais, cresceu 66,6% no número de matrículas em dez anos, contra 40,2% do turno diurno. A conclusão do censo é que cresceu o número de estudantes que trabalham no país.

Das instituições de educação superior no Brasil 87,4% são privadas. Quem precisa optar por uma delas, além dos estudos também se preocupa com a mensalidade. O Inep de 2015 mostrou queda de queda de 8,7% comparado ao ano anterior.

Apesar de os recursos do Fies subirem para mais de R$ 17 bilhões em 2015, este ano foi marcado pela mudanças nas regras de acesso ao financiamento. Neste período, as instituições privadas de educação passaram a alertar que quase metade dos contratos não foram fechados. 
Diante das dificuldades em ter acesso ao ensino superior pago, universitários com menores condições econômicas se desdobram para cobrir a despesas do estudo. 

A universitária Patrícia Mollica, de 32 anos, atualmente é profissional na área da beleza e cursa Jornalismo. A renda da atual profissão é o que custeia sua graduação. Além de cabeleireira e estudante, Patrícia também é mãe, o que a obriga a encarar uma pesada rotina de responsabilidades. “Olha não é fácil. Eu venho bastante cansada para a faculdade, por não conseguir dormir direito e por tudo que faço durante o dia”, lamenta a estudante.



Se por um lado é cansativo, sem essa rotina muitos universitários não conseguem um diploma. Porém, há uma opção para quem precisa de uma fonte de renda e uma carga horária de trabalho menor, que é o estágio. No Brasil, do total de universitários, aproximadamente 13,5% são estagiários, o que ainda é um número pequeno. 

Quem consegue um estágio remunerado na graduação, além do salário também ganha a experiência no mercado. De acordo com a professora de Recursos Humanos, Márcia Rubez, o estágio é uma grande oportunidade de vivenciar a teoria com a prática organizacional. “É uma oportunidade de enriquecer o currículo, bem como estar próximo do mercado de trabalho. Muitas oportunidades de trabalho efetivo ocorrem após o término do estágio”. 

É o caso do estudante de Design Gráfico, Gabriel Dias, que estagia numa empresa de design. Ele trabalha quatro horas por dia e é remunerado. Além de completar as horas de estágio, o universitário optou por esse trabalho para evoluir como profissional. 


Segundo Gabriel, ele direciona a atenção para cada atividade para poder organizar seu tempo. “Enquanto estou no trabalho foco somente com assuntos relacionados a ele e quando são coisas voltadas para a faculdade, como trabalhos e seminários, direciono o foco apenas pra isso”. 

Para Marcia “quando o aluno possui foco e é persistente, consegue enxergar o futuro profissional, bem como traçar metas de estudo, mesmo que com dificuldades”. Como professora, ela percebe que a motivação interna deve ser sempre maior que a externa, contudo, considera que o incentivo deve vir também de quem ensina. “O professor em sala de aula precisa também conhecer o público e utilizar metodologias de ensino que se aproxime com a realidade do aluno”.