2 de mai. de 2017

Cerveja é assunto de mulher, sim!

“A mulher tem um papel importante na guinada na percepção de valor da bebida, que até pouco tempo estava às traças”, ressalta Cilene Saorin.

Por Bruna Cabett


Considerada a bebida mais antiga do mundo, e também uma das mais consumidas no mundo (ela existe desde antes da invenção da roda, cerca de mais de 10.000 atrás). A cerveja, atualmente vem sido super ingerida por mulheres. E, de acordo com uma pesquisa do Uol, o Brasil ocupa à 17ª posição, dentre os países que mais bebem.
Sabe-se que o lugar onde se fabricavam cervejas, era na Mesopotâmia. Existem registros do comércio dela, por volta de 4000 a.C. Os sumérios eram tão encantados pela bebida, que veneravam Ninkasi, a deusa da cerveja. Diz-se que há possíveis relatos da existência de versos dedicados à beldade que dizem: "Ninkasi, você é quem derrama a cerveja filtrada no barril coletor!”.

Ainda no antigo Egito, há também um recorde de produção da cerveja que incluia detalhes sobre ingredientes e processos que inspiraram cervejarias modernas, como a Newcastle e a Kirin. No país existia uma fabricação da bebida em larga escala, segundo a antropóloga da Universidade da Califórnia, Hastorf: "Não eram apenas tabernas e micro cervejarias, mas as mulheres também as produziam para suas famílias".

Hoje em dia, diante de uma diversidade de texturas, sabores e tipos, as cervejas especiais nos últimos cinco anos, têm sofrido um aumento de 36%. A empresa brasileira, Mr. Beer, foi fundada em 2009 possuindo hoje mais de 80 lojas espalhadas no país, contando com um estoque que abrange mais de 400 marcas diferentes da bebida.

Uma escola Alemã, instalada no Brasil, para formar "Sommelier de Cerveja", a Doemens Akademie, têm atualmente uma sala dividida igualmente entre mulheres e homens, o que há mais ou menos cinco anos atrás, quando a instituição se instalou no país, não era assim, e as aulas contavam com apenas 20% dos acentos eram ocupadas por alunas. Parece que o jogo está virando...


De acordo com uma das pioneiras no mercado cervejeiro brasileiro e também instrutora na Doemens no Brasil, Espanha, Portugal e países latino-americanos, a sommelière e mestre cervejeira Cilene Saorin, “A mulher tem um papel importante na guinada na percepção de valor da bebida, que até pouco tempo estava às traças”. Em 1992, ela tentou entrar para umas desses vagas de estágios, peitando marmanjos para poder conseguir o lugar na grande empresa do ramo. “Eu tive dificuldades grandes no início. Na maturação, que era uma adega fechada com cerca de 0ºC, me botavam pra puxar com o rodo os fermentos pra eu desistir, mas eu não saía de lá enquanto não puxava o último rodo”, conta.


Ela ainda lembra das mudanças que a sociedade teve, lá nos anos 2000, quando a cerveja ainda era um produto pouco valorizado e precisava de uma mudança de status... E foi a partir daí que, ao invés de apenas usarem a imagem feminina nas propagandas, as grandes empresas cervejeiras começaram a buscar mulheres como profissionais da área e tornando-as também consumidoras de seus produtos.
Seguindo o embalo, de 2011 à 2013, o mercado gourmet cervejeiro, mesmo em pequenos estabelecimentos aumentou em 3%, o que soma-se praticamente 14.000 lojas.
Engana-se aquele que pensa que o aumento foi no público masculino e dos “fazedores de cerveja” ...
 
Falamos do universo feminino, que vem se mostrando cada vez mais forte, demonstrando seu amor pela bebida, seja por gosto ou happy-hour, mas o que sabemos é: na internet temos diversos blogs disponíveis onde envolve o assunto e o gênero, e detalhe: ou encontramos resenhas delas sozinhas, com amigas ou até mesmo com seus parceiros, degustando por prazer ou fazendo tours pelo país ou pelo mundo, experimentando a bebida e narrando suas experiências.
“Existe um preconceito sobre mulher gostar de cerveja.”, abordou Taiga Cazarine, uma das fundadoras da confraria Sofia. 

De acordo com o Extra, mulheres jovens de até 35 anos, consomem 23% mais cervejas do que os homens, o que mostrou uma pesquisa feita em 2011. Em 2014, a confraria Sofia foi fundado por mulheres em Ribeirão Preto, e o assunto causou um tumulto nas redes sociais em março daquele ano, além de ter sido também comemorado o dia internacional da mulher. (Leia a matéria na íntegra).

“A mulher é um público importante, porque é fiel quando gosta de um produto", afirma a fundadora da Beer Code, Ketlyn Zim. A marca produz kits presenteáveis e serve até mesmo para compra de consumo próprio.


Contudo, é de fato notório que mulher gostar de cerveja incomoda mais o público reverso, do que o feminino, porém, quando se trata de focar diretamente no assunto algumas marcas extrapolam e perdem totalmente o controle da reação do público, como foi o caso da marca mineira Proibida.


“Proibida Puro Malte Rosa Vermelha Mulher, uma cerveja delicada e perfumada, feita especialmente para você mulher”, disse a marca em uma postagem no Facebook. Logo após todo alvoroço, não demorou para os comentários sarcásticos e revoltados começarem a surgir: “Vou comprar canudinhos cor-de-rosa pra tomar nessa longneck com esse rótulo muito feminino (olha como pensam em tudo!), na cor rosa perolado. Onde será que tem um bar de mulher, com mesa de mulher, com cadeira de mulher, com maquininha de cartão pra mulher, pra gente poder experimentar??? Tô muito curiosa!!! O MACHISMO NOSSO DE CADA DIA!”, comentou uma usuária da rede social na postagem da marca.


Embora a ideia tenha sido indefesa, ou sei la, sem noção, a própria maquiou o machismo diante de uma sociedade que tem trazido a ideia de feminismo com muita força.