30 de mai. de 2017

Projeto ensina skate para 50 crianças carentes

      Em Guaratinguetá, um projeto de skate vem chamando bastante a atenção pela grande participação de crianças. Encabeçado pelas irmãs do antigo Orfanato, em Guaratinguetá, têm como professor voluntário o skatista Lucas Silva, o “Minhoca”.      

Por Bruna Cabett

             A iniciativa acontece semanalmente na Casa Puríssimo Coração de Maria. A ação recebe hoje aproximadamente 50 crianças, com idades entre 6 e 14 anos, em situação de vulnerabilidade social. Além de também estudarem na instituição, no período das aulas do projeto recebem o apoio da ex-aluna da escolinha, a voluntária Talita Rocha.

          “É uma oportunidade de aprenderem coisas novas, valores novos, e como estudam num período e no outro estão no projeto, ficam com menos chances de estar com a cabeça vazia ou com pensamentos direcionados para coisas erradas”, acredita Minhoca.

          O projeto surgiu por meio do convite feito pelo ex-coordenador da ação, que conhecia o skatista e sabia do trabalho que fazia com o skate nos oratórios em que participava. “Aceitei na mesma hora, pois vi uma oportunidade gigante ali, de mais uma vez fazer o que gosto e também poder ajudar”, conta Minhoca.

          Além das crianças estudarem, elas também podem “brincar” dentro do perímetro da casa, sob a supervisão de educadores, assistentes sociais e irmãs do lar. As atividades do projeto acontecem todas às terças-feiras em dois períodos: pela manhã, das 8h30 às 11h; e à tarde, das 13h30 às 16h30.

(Minhoca ensinando | Foto: Toni Marques)
         Minhoca também desenvolve vários outros projetos na cidade que envolvem a modalidade, permitindo total liberdade de envolvimento aos praticantes. Os mais conhecidos são: o “Guará Skate na Veia” e o “Skate na Ponte”. Nos dois eventos, skatistas amadores e profissionais podem mostrar todo seu aprendizado no esporte diante de fotógrafos e uma plateia bem animada.

          A ex-aluna do projeto, Talita Rocha, contou que entrou no projeto aos 6 anos e só teve aulas com ele por um ano. Apesar do curto período, ela aprendeu muito com o esporte, principalmente quando caía da prancha: “O skate é um esporte aparentemente difícil e com um ar intimidante, por conta da constante propensão a tombos. Mas o ‘sor’ Lucas sempre falava que se alguém caísse, era para se levantar de novo, pois é caindo que se aprende”, contou ela.

          Talita teve que sair do projeto devido à idade, mas Minhoca a convidou para ser voluntária e ajudá-lo com as crianças. De prontidão, ela aceitou. “Amo o skate e o esporte em si!”.

          Ele desenvolveu esse projeto também no Colégio do Carmo, onde estudou durante a adolescência. Na época começou sua atuação nas missões estudantis junto aos grupos de ações missionárias como: GAM (Grupo de Ação Missionária), AJS (Articulação de Jovens Salesianos) e PJE (Pastoral da Juventude Estudantil).

          Ele também é proprietário de uma loja, a “Four Family Skate Shop”, no Centro de Guaratinguetá. Por ter vivido dentro de uma família religiosa, Minhoca nunca abandonou esse ensinamento. “Conhecendo os preceitos de Dom Bosco, acredito na evangelização e ajuda ao próximo, fazendo o que se gosta. Aplico essa metodologia ao esporte”, afirma. A ação voluntária desenvolvida na Casa Puríssimo Coração de Maria é uma iniciativa do Orfanato com o Lucas Silva, sem qualquer participação de sua loja ou evento apoiado por ele.

(Aluna tentando sozinha | Foto: Toni Marques)

          SOBRE O ESPORTE

          A modalidade surgiu na Califórnia (EUA) na década de 60, por iniciativa de surfistas, que queriam ver suas pranchas também deslizando fora das águas. Lá na América, o esporte ganhou notoriedade através de Alan Gelfand, dando origem ao “Ollie”, manobra com a qual os skatistas ultrapassam obstáculos elevados e é a base para qualquer outra manobra.

          Outro difusor do esporte é Tony Hawk, que inovou a modalidade no half-pipe. No Brasil, o esporte ficou conhecido mais tarde, em meados dos anos 90, por meio de Lincoln Ueda, pioneiro nos investimentos da modalidade. Depois, o esporte ganhou força pelas mãos de Bob Burnquist, atualmente o maior recordista de medalhas do esporte no X-Games.

          As meninas também não ficaram de fora, principalmente aqui no Brasil. A “número 1” no esporte é Karen Jonz, tetracampeã mundial da modalidade – também no X-Games –, seguida por Letícia Buffoni, que mudou-se para Los Angeles, tem medalhas no X-Games e já conduziu um programa no canal OFF, além de atuar como redatora na ESPN e na revista “The Body Issue”.


          BENEFÍCIOS À SAÚDE COM A PRÁTICA DO SKATE

          O site do Globo Esporte fez uma matéria abordando os benefícios do esporte para a saúde. De acordo com o site, “os benefícios dessas duas atividades variam desde o gasto calórico ao condicionamento cardiovascular, melhorando ainda o tônus da musculatura”. Amandio Geraldes, especialista em Ciência de Desporto, explica as vantagens de patinar e andar de skate: “Tanto o skate quanto o patins são importantes atividades aeróbicas. Praticando qualquer uma dessas atividades você estará trabalhando resistência e equilíbrio. Na patinação todos os membros inferiores são trabalhados, dos membros superiores você trabalha toda a musculatura da coluna, além dos glúteos e isquiáticos (musculatura atrás da coxa), abdômen e pernas (…) O principal benefício é cardiovascular, ele ajuda muito no condicionamento cardiorrespiratório, você pode trabalhar força e resistência. Sem contar no gasto calórico, se você patinar por 25 minutos durante três vezes na semana seu gasto calórico vai ser de 700 kcal. É semelhante a uma corrida ou trote de 6 km/h.”

Por Bruna Cabett