28 de mar. de 2016

Livros rompem padrões e incentivam o feminismo para jovens

O número de livros oferecidos para jovens cresceu exponencialmente nos últimos anos, assim como a variedade de personagens que são oferecidos. O leitores buscam se identificar e se encontrar em meio as palavras nas páginas, procurando personagens que compartilhem de suas ideologias.

Por Roberta Souza. 


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A literatura jovem adulta vem se tornando cada vez mais popular nos últimos anos. Nesse nicho literário grande parte das personagens de destaque são mulheres e elas são retratadas de diversas maneiras. Com o avanço do movimento feminista, principalmente entre os jovens, as leitoras buscam personagens que elas se identifiquem física ou psicologicamente.

A sociedade atual tende a criar padrões ideais, sejam de beleza ou personalidade, e isso se reflete também na literatura. A maioria dos personagens são caucasianos, com olhos verdes, magros, cabelos lisos e em grande parte não sofreram grandes dificuldades na vida. Mas um livro que foge desse estigma é o Eleanor & Park, da Rainbow Rowell, que conta a estória de Eleanor, uma menina pobre, gorda e de cabelo crespo e como ela se apaixona por Park, um nerd asiático viciado em quadrinhos.

Outro livro que foge desses padrões é a fantasia Trono de Vidro, da Sarah J. Maas, que retrata a trajetória da assassina Cealeana Sardothien depois de sair de um campo de concentração e competir com vários criminosos para ser a assassina do rei. Nesse universo as mulheres são subjugadas e ela foi criada em meio à violência e caos, tendo de superar as imposições machistas para provar sua importância.

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Para a universitária Aysla Monise, um grande exemplo de personagem feminista é Elizabeth Bennet em Orgulho e Preconceito, da Jane Austin. "Ela é sagaz, inteligente e muito independente. Deixava claros seus pensamentos e discutia sempre que julgava algo sendo injusto" afirma Aysla. No livro Elizabeth Bennet não aceita um casamento por conveniência e sempre expressa suas opiniões, contrariando a cultura hierárquica e submissa das mulheres da época. Jane Austin quebrou barreiras ao escrever romances para mulheres e sobre mulheres em pleno século XIX.

"É ótimo saber que até em livros clássicos de séculos passados, o feminismo é retratado, mesmo que inconscientemente e de forma leve" diz a universitária. "O sexo feminino nunca se encaixou na categoria ‘donzela em perigo’, pelo contrário, esse tipo de rótulo apenas revolta.”.

Meg Cabot, autora de O diário da princesa, escreve livros para empoderar jovens garotas e adultas que a acompanharam desde os anos 90. Na série O diário da princesa, ela desmistifica a ideia da princesa perfeita, com seus cabelos loiros esperando um príncipe chegar com seu cavalo branco. Nos livros Mia Thermopolis sofre com problemas de insegurança, possui ideias claras sobre feminismo e não se encaixa nos padrões impostos pela sociedade, o que a torna algo identificável por muitas garotas.

As sagas distópicas ganharam cada vez mais espaço nas estantes e em sua maioria tem com protagonistas garotas fortes com estórias focadas na ação, não no romance. Em Jogos Vorazes, de Suzanne Collins, Katniss Everdeen luta pelo bem de sua família e sofre traumas psicológicos graves após o fim da guerra. Nos livros, todo o triângulo amoroso com Peeta e Gale é algo deixado em segundo plano, pois o foco principal são as tramas políticas e a manipulação da mídia.