28 de mar. de 2017

Clube do livro de Lorena se mantém vivo mesmo no auge do digital

Os clubes de leitura criados há séculos permanecem atuais e integram-se à era digital

“Se você passar por toda a vida sem fazer algo excepcional por alguém, viver não terá valido a pena”. Com essa frase, o romance “Surpreendente!”, do escritor Maurício Gomyde se apresenta ao público, e traz a estória comovente de Pedro Diniz, recém-formado em Cinema e com baixa visão, que pretende melhorar o mundo por meio do cinema.


Por Priscila Barbosa

Esse foi o livro do mês de novembro do clube do livro chamado Ciranda dos Livros, idealizado pela bancária Patrícia Gonçalves, 44. Estima-se que 104,7 milhões de brasileiros se declarem leitores assíduos, segundo a 4ª edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, realizada pelo Ibope a pedido do Instituto Pró-Livro.

“A possibilidade de ‘viajar’ e conhecer outros países e outras culturas por meio das páginas dos livros e acumular conhecimento é o que mais encanta. Em um caderno costumo escrever trechos de algum livro que li e que gostei”, declara a idealizadora, que teve essa ideia inspirada em uma matéria sobre como criar um clube do livro.

O Ciranda dos Livros, criado em 31 de outubro de 2015, é realizado em Lorena e Guaratinguetá, e promove uma reunião por mês. Os dez membros, que são mulheres entre 30 e 60 anos, definem um livro para cada mês. A indicação parte do membro que acolhe a reunião itinerante em sua casa, regado a petiscos e doces. Com direito a sorteio de brindes e amigo invisível no fim do ano para ‘troca de mimos’ segundo a fundadora.

A ideia para a escolha dos livros é que gerem debates, promovendo mais conhecimento para as leitoras. Entre os já lidos, figuram Corações Feridos, de Louisa Reid, Verão no Aquário, de Lygia Fagundes Telles, A Distância entre Nós de Thrity Umrigar, e Surpreendente!, do Maurício Gomyde, já citado anteriormente.

Seguindo esse movimento, a famosa atriz Emma Watson criou em janeiro do ano passado um clube do livro online feminista para partilhar opiniões sobre as obras feministas que tem lido, por ser membro da ONU Mulheres: Goodreads. Apesar do clube ser online, os lidos são os tradicionais livros físicos. “Tem tanta coisa maravilhosa por aí. Engraçadas, inspiradoras, tristes, instigantes, empoderadoras. Decidi criar um clube do livro feminista porque quero compartilhar com os outros tudo o que eu estou aprendendo e também porque quero saber o que vocês pensam”, escreveu no site, que tem mais de 150 mil membros.

Com gosto na leitura na vida pessoal e no trabalho, a vendedora de livros e membro do Ciranda dos Livros, Maria José Montanari, 53, acredita que o livro físico jamais morrerá. “Existem os leitores que fazem questão de sentir o livro, ver o layout de capa, a arte e a textura do papel”, conta. “O clube de leitura me proporciona, além de ler e debater vários assuntos, a interação entre as pessoas, horas de lazer e descontração”, completa.

Leitores no Brasil Segundo o Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL), em parceria com o instituto de pesquisa Nielsen, os índices de vendas de livros no Brasil em 2016 comparados a 2015 oscilaram durante o ano e, em outubro, houve uma queda de 14,10% no volume de livros vendidos e queda de 7,73% no faturamento, o que equivale a uma queda de mais de R$ 8 milhões de diferença entre o mesmo período de 2015 e 2016. As editoras acreditam que essa queda se deva a ausência de lançamentos de fenômenos literários, que causaram um grande boom nas vendas do ano passado, como Livros Para Colorir e Grey, da coleção 50 Tons de Cinza.